setembro 7, 2024
Brasil prepara governo mais político do que técnico. Foto Divulgação

Brasil prepara governo mais político do que técnico.

Principais políticas propostas por Lula precisam passar por aprovação do Congresso, com uma composição com bastante oposição ao presidente eleito. Capacidade de negociar vai ser necessária para garantir cumprimento das promessas de campanha.

Além dos desafios naturais da gestão da economia em um governo, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisará que seu ministro ou ministra da pasta tenha capacidade de barganhar com o Congresso Nacional para conseguir tocar promessas feitas durante a campanha.

Por isso, analistas dizem que o ocupante da pasta precisará ser mais político do que técnico.

“Técnico é aquele que tem um grande conhecimento da economia. Já o político possui boa capacidade de dialogar com diferentes setores da sociedade e tende a ter maior habilidade em atingir os resultados desejados. Muitos de nossos problemas são de ordem política”, explica Michael França, professor de economia do Insper.

O ministro vai precisar ter trânsito livre no Congresso para negociar espaço no Orçamento para gastos não obrigatórios, como expansão dos pagamentos do Auxílio Brasil, aumento do salário mínimo acima da inflação e correção da tabela do imposto de renda, entre outros. Hoje, o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e o senador eleito Wellington Dias (PT) estão responsáveis por essas negociações para o Orçamento de 2023, enviado pelo governo Jair Bolsonaro em agosto sem espaço para esses gastos.

Alessandra Ribeiro, diretora da área de Macroeconomia e Análise Setorial da Tendências Consultoria, diz que a junção de uma equipe política e técnica garantiu a aprovação das reformas no governo de Michel Temer, entre 2016 e 2017.

“Teve muita gente muito boa e ele conseguiu aprovar um montante de reformas muito expressivo em pouquíssimo espaço de tempo. Essa composição funcionou muito bem”, avalia.

Ribeiro ressalta que o Congresso era outro. “Nesse contexto que vamos enfrentar a partir de janeiro, temos um congresso mais desafiador. Obviamente que o governo Lula está tentando montar uma coalizão mais ampla possível, com partidos que vão ajudar nesse processo e facilitar o jogo, mas vai exigir muito mais negociação. O contexto é desafiador até pelo próprio resultado das eleições, que foi muito dividido, além de estarmos em um momento da sociedade extremamente delicado”, afirma.

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